Histórias de gente: grande, pequena, no setting terapêutico, no bar, gente amiga, gente distante, real e virtual. Reais, místicas, lendárias, sóbrias e outras nem tanto. Escritas na areia e outras tatuadas no corpo, de gente que viaja, que pula no abismo e outras de opressão. Histórias de contos de fada, de fadas que contam, para dormir, na hora de acordar. De gente que sangra, que ri e de gente que se foi... histórias contadas por uma psicóloga e intituladas pelo seu filho como:”Uma vez era...”
Ele morre sim mas para renascer mais pleno e forte, quantas vezes forem necessárias.
O amor quer solicitude, doçura,
sorte, altruísmo, oração, coração.
Ele é avesso à negatividade e à impossibilidade da tentativa de sua recusa ou inexistência.
O amor urge dos avessos. Às vezes
se manifesta às avessas, próximo à loucura, sem leis, sem limite.
Ele é avesso à ordem, à
disciplina, ele é travesso.
O amor se move pelo avesso.
Ele é avesso às definições,
porões, ele é livre e imprime-se soberano, sem plano, sem panos.
Ele é desrazão, pura emoção.
O amor faz casa nos avessos.
Ele aparece nos versos,
transversos, belos, inteiros, insuficientes, com beijos, abraços, olhares,
amassos.
O amor apenas surge, urge, ele não
precisa de afirmação, interrogação, ele é e está lá. Ele fica, é pra sempre.
O amor nos vira do avesso.
"O amor é a poesia dos sentidos", disse Balzac. E não é que sentimos todos os nossos sentidos como se fossem poesias?
O amor precisa de futuro, gosta de contar histórias do passado e a vida agradece esse presente!
O amor acontece nesse meio tempo
entre um pedido de casamento, um amor de adolescência, risos e olhares, um tempo distante e um para sempre eterno, num
apartamento com varanda.
Sim, encontrei com a morte faz
pouco tempo, cabelo esvoaçante, usando um jeans rasgado, camiseta branca bem informal, parecia despretensiosa, mais tranquila e terna do que eu poderia supor,
porém, misteriosa e sorrateira, ela me disse: estás transfigurada!!! Quem eu?
Eu? Por que?
Eu nunca me senti tão bem quanto
nos últimos tempos. Como assim? Visita inoportuna, fora de hora, achei.
Logo você morte, vem me dizer
isso!
Sim, transforma-se todo o ser que encontra
vida nova, outra vida, vida reencontrada!
O que houve?
Você mudou de feição, de figura,
de conduta, de perspectiva, transformou tudo, estás até com a aparência
alterada, transfigurou-se ué! Mais bonita, com o coração mais redondo, parece bater mais forte
agora, vejo-o sob o relevo do teu peito. Sim vejo, nitidamente, está bem
diferente, ampliado. Sim, percebo reluzir os olhos, a pele, o sorriso. Nasceste de novo, perguntou a
morte?
Não gosto de conversar com ela,
mas gosto dos enunciados desta conversa, continuo.
Porra, devo estar louca neste
diálogo com a morte, só loucos conversam com a morte. Teimosa, continuo mesmo
assim...
Ouço seus prenúncios, quero saber
mais sobre esse pedaço de vida bom! Diga aí, por que parou pra conversar
comigo?
Putz, rapidamente me arrependo,
coloco a mão na cabeça e penso rápido. Puta-que-o-pariu! Já sei, não tô louca,
morri, é isso! Não quero continuar esse papo.
Eis que a morte chega mais perto
e, carinhosamente me abraça e diz bem de mansinho perto do meu ouvido:
Minha cara, algo em você morreu
para que boas novas pudessem nascer em sua vida. Você enfim se encontrou com
as mãos vazias, com sentimentos mortos, comportamentos exterminados, processos
em falência e lágrimas derramadas pelo luto de tudo e de quem se foi. Nada
disso te servia mais. Enfim você desapegou-se, morreu, largou tudo para trás ou deixou tudo seguir seu fluxo, para nascer, sem razão, novamente. Desrazoável enfim, você renasce num
reencontro e o amor nasce neste encontro. Encontro com quem? Perguntei à morte.
Ela responde prazerozamente: com
a vida meu bem. E ela continua:
Se alguém penetrou de mansinho em
sua alma e te fez viver os seus melhores poemas imaginados, você nasceu, enfim, pra vida novamente.
Se você acordou surpresa por
querer dar o melhor de si a alguém, você amou de novo.
Se esse amor trouxe calma e
frescor para sua alma cansada, você renasceu espiritualmente.
Se você é acolhida em seus
ataques mais obscuros de fúria e medo (sejam eles revelados ou não), você
encontrou quem realmente te quer bem.
Se alguém te aceita mais em suas
indagações, em seus devaneios, defeitos e feitos, do que você mesma, você
encontrou enfim, o amor da sua vida.
E a morte disse, abraçe-o, apenas viva isso e tudo que você sempre buscou, te encontrará. Desta
vez, não mande a morte e nem o amor ir embora por sentir medo, apenas deixe morrer em você tudo que não pertence a
sua transfiguração atual, às suas mudanças e metamorfoses necessárias. Porque sobre o amor e a morte há mais mistérios do que a nossa compreensão pode alcançar. E ela
continua: somente quando encaramos a morte (de algo em nós, alguma coisa ou de alguém em
nossas vidas), é que realmente vamos pra vida!
“Senhoras e senhores
Trago boas novas
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva - viva!”
Algumas definições de amigos: "Caçadora de Pérolas", "Alma Profunda", "Siri na Lata", "Personal Shrink","Alguém que sabe colocar a alma em palavras" enfim, mulher, mãe, amante da minha profissão como psicóloga e tendo a filosofia como paixão incorporada. Escrever é minha expressão. A minha inspiração? Gente, histórias de gente de verdade!